Veja como foi o 1º dia de Desfiles das escolas de Samba de SP

Sete escolas do Grupo Especial abriram o carnaval no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, nessa sexta-feira (17). As escolas Independente Tricolor, Acadêmicos do Tatuapé, Barroca Zona Sul, Unidos de Vila Maria, Rosas de Ouro, Gaviões da Fiel e Tom Maior desfilaram com enredos diversos e empolgaram o público presente.

Independente Tricolor

A Independente Tricolor foi a primeira a entrar na avenida com o enredo “Samba no pé, lança na mão, isso é uma invasão!”. O samba-enredo faz alusão à estratégia para vencer batalhas, partindo da vitória grega sobre os troianos, e à conquista de espaços, uma referência ao retorno da escola ao Grupo Especial em 2023, após três anos no grupo de acesso.

Na avenida, os carros mostraram os principais símbolos da mitologia, como o famoso Cavalo de Troia; os Mistérios do Mar Egeu; e a escultura mais alta da escola, o Deus da Mitologia Grega Ares, que representa a guerra. Outros deuses foram mostrados no desfile, como Hermes, o mensageiro; Hades, deus do submundo; Afrodite, deusa do amor; Erebro, deus da escuridão e o deus Dionísio. O casal de porta-bandeiras simbolizou Helena e Páris, que deu origem à Guerra de Troia, uma disputa entre gregos e troianos, por volta do século 12 a.C.

Acadêmicos do Tatuapé

A Acadêmicos do Tatuapé surpreendeu com uma sereia de olhos brancos na comissão de frente e evoluiu mostrando a homenagem à cidade de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro. A natureza exuberante da cidade foi retratada pela escola em carros que mostravam os indígenas que moravam na região, além dos caiçaras e quilombolas. Até o movimento hippie, que se concentrou na cidade nos anos 60, foi simbolizado em duas alas. Dourada, a Ala das Baianas mostrou que a cidade também foi caminho do ouro, cercada pela Mata Atlântica. Com o enredo “Tatuapé canta Paraty! Do caminho do ouro à economia azul. Patrimônio mundial, cultura e biodiversidade. Paraty cidade criativa da gastronomia”, foi interpretado por Celsinho Mody.

Barroca Zona Sul

A Barroca Zona Sul enfrentou, em seu desfile, chuva forte, após um dia quente na capital paulista. Mas, apesar da adversidade, a escola não teve problemas e mostrou com garra o enredo “Guaicurus”, que contou a história dessa tribo indígena no Pantanal. O espírito guerreiro, marca do povo indígena, foi mostrado nos carros como o abre-alas, que apresentou grande indígena empunhando uma lança em defesa de seu povo. A comissão de frente contou a história da criação dos povos originários.

Unidos de Vila Maria: celebração da história e cultura local

A Unidos de Vila Maria apresentou um enredo que celebrou a história e a cultura do bairro que dá nome à escola. O samba-enredo “Vila Maria. Minha Origem. Minha Essência. Minha História! Fonte de Amor Muito Além do Carnaval” fez referências a desfiles antigos, ao bairro e à própria história.

A escola homenageou figuras ilustres que viveram na Vila Maria, como o piloto de Fórmula Um Ayrton Senna e o jogador de futebol Dener. Além disso, papai Noel fez uma aparição em um carro gigante, puxado por hienas, representando as distribuições de presentes no bairro feitas no Natal, uma das ações sociais da escola.

Rosas de Ouro: manifesto contra o racismo

A Rosas de Ouro trouxe para a avenida um manifesto contra o racismo e a busca por respeito e igualdade racial. O samba-enredo “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome” apresentou a resistência negra através dos tempos.

A Comissão de Frente mostrou o navio negreiro, em que negros eram trazidos ao Brasil para serem escravizados, em uma perfomance em movimento que foi um dos destaques do desfile. A escola homenageou ídolos negros como Glória Maria, Pelé, Pixinguina, Machado de Assis, Aleijadinho e a cultura afrobrasileira. Os cantores Gilberto Gil, Lecy Brandão e o rapper Emicida, que compôs a canção “AmarElo”, também foram homenageados.

Tom Maior: culto às Mães Pretas Ancestrais

A Tom Maior celebrou o maternal espiritual com o tema “As Iyamis e os Eleyés”. A escola apresentou as mães feiticeiras, a ala das baianas e representou a divindade do responsável pela criação do mundo, Oduduá. Diversas figuras maternas inspiradoras também foram destaques, como as rainhas do Congo.

Para fechar o desfile, a escola prestou homenagem às mães pretas do catolicismo com o carro “Adurá às Santas Católicas” e uma ala de crianças.

Gaviões da Fiel: intolerância religiosa e respeito às religiões

Sabrina Sato, Rainha de Bateria da Escola de Samba, Gaviões da Fiel, no Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo. Eduardo Carmim/ Agência Estado

Ao amanhecer, a Gaviões da Fiel fechou o primeiro dia de desfiles, com o samba-enredo Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém! A escola falou sobre a a intolerância religiosa e o respeito às religiões.

A Gaviões entrou de branco na avenida com o carro abre alas Em Nome do Pai. Representações de anjos brancos se destacaram com o tema da liberdade.

O carro Em nome dos Espíritos levou uma representação de Chico Xavier, rodeado por velas. São Jorge, padroeiro do Corinthians, que originou a escola de samba, foi homenageado pela rainha de bateria Sabrina Sato, que entrou fantasiada do santo guerreiro. Madre Teresa de Calcutá e representações hindus também foram simbolizadas no desfile da escola.

Foto: Agencia Estado