PF encontra ordem de Bolsonaro para disparo de fake news

Registro está em investigação sobre participação de empresários na discussão de um golpe de Estado, caso Lula vencesse eleições.

A investigação sobre a suposta pregação de um golpe de Estado pelos empresários de destaque do país esbarrou em uma clara demonstração da atuação de Jair Bolsonaro no disparo de desinformação e ataques às instituições.

Jair Bolsonaro em imagem do dia 30 de junho de 2023, em Brasília — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo

Iniciada em 2022 após revelações de conversas pró-golpe em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, feitas pelo portal Metrópoles, a apuração levou à autorização de busca e apreensão de aparelhos telefônicos de oito empresários proeminentes pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Na última segunda-feira (21), o ministro decidiu manter a investigação ativa para dois empresários: Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan. As acusações contra os outros seis alvos foram arquivadas, considerando que, apesar de compartilharem desinformação, fizeram-no no âmbito da liberdade de expressão.

Mensagem do ex-presidente jair Bolsonaro a Nigri

No caso de Meyer Nigri, a investigação prosseguirá por mais 60 dias devido à sua proximidade com Bolsonaro, levantando a suspeita de que ele tenha sido um veículo para disseminação de ataques às instituições por meio de seus grupos.

Mensagem enviada — Foto: Petição 10.543 DF/Reprodução

A PF destaca uma mensagem específica encontrada no celular de Nigri, atribuída ao contato “PR Bolsonaro 8”, supostamente um número do ex-presidente, conforme registro da decisão do STF. Nessa mensagem, além de ataques a membros do STF, são compartilhadas fake news sobre urnas, pesquisas e a ordem enfática: “Repasse ao máximo”.

Dentro do texto atribuído a Bolsonaro, há críticas à defesa do “processo eleitoral como algo seguro e confiável” feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, e o tratamento da defesa do voto eletrônico como “interferência”.

Após a ordem de disparo de fake news e ataques a ministros não nomeados do STF e TSE, Bolsonaro recebe uma resposta de Nigri afirmando ter compartilhado a informação com vários grupos. Ao se despedir, o empresário envia “abraços de Veneza”.