A vida de André Rienzo ainda não voltará ao normal neste sábado (28) mas, pelo menos, ficará mais perto do ideal. Após duas semanas de quarentena desde o retorno dos Estados Unidos no último dia 14, o segundo jogador brasileiro a iniciar uma partida na Major League Baseball (MLB), a maior liga da modalidade no mundo, poderá reencontrar a esposa e o pequeno Frederico, que nasceu no início do mês.
“Por causa do novo coronavírus (covid-19), a recomendação ao pessoal que veio para o Brasil após dia 10 (de março) era ficar em casa por 14 dias e informar caso aparecesse algum sintoma. Não tive contato com ninguém, só por vídeo. Fiquei sozinho aqui em Atibaia, no interior paulista, com o filho e a patroa em São Paulo. Não saí de casa. Estou respeitando muito isso (quarentena)”, conta o arremessador à Agencia Brasil.
André, atualmente, joga no beisebol mexicano, após mais de uma década na MLB. Retornou ao Brasil em janeiro para acompanhar a reta final da gravidez da esposa e o nascimento de Frederico, no último dia 3. Seis dias depois, foi aos Estados Unidos defender a seleção brasileira nas eliminatórias do World Baseball Classic (WBC) – a Copa do Mundo da modalidade. Mas, o novo coronavírus adiou do torneio. Os EUA são, atualmente, o país com mais infectados no mundo: os casos confimados da covid-19 passam de 81 mil.
Os poucos dias no exterior foram suficientes para o jogador – cujo pai é infectologista – ter a dimensão da pandemia. “Estava até sendo sarcástico com alguns amigos. Há uma semana, tudo era motivo de chacota. Como eu tinha voltado dos Estados Unidos, falava: não brinquem, não é um filme em que aparecerá um herói e tudo bem. Quando a coisa chegou, o pessoal começou a acreditar e tomar as medidas”, descreve, citando a detecção de um caso em Atibaia como determinante para a mudança de postura na cidade. “A população não chegou ao ponto de estocar nada, mas deu uma diminuída (no movimento) nas ruas. O pessoal começou a ficar preocupado porque ele (infectado) teve contato com muita gente”, completa.
Distante da família, André teve pouco tempo para treinar em casa, de olho na temporada deste ano – que ainda não tem data para começar. “Quando soube (da gravidez da esposa), comecei uma obra aqui. Era para estar pronta em setembro, mas só ficou agora. Para minha sorte, pois, ao menos, tenho cama (risos). Além disso, tenho uma empresa de prestação de serviços com meu irmão. Com a crise (causada pela pandemia), ficamos em uma correria louca do que fazer. Mas, tudo dará certo”, acredita.
Feliz no México
Contratado pelo Chicago White Sox em novembro de 2006, André ficou no beisebol norte-americano até 2017. Foram sete anos competindo nos torneios menores da MLB até a estreia na elite, em 2013. Na ocaisão, curiosamente, Rienzo enfrentou outro brasileiro, Yan Gomes, que na época defendia o Cleveland Indians. O arremessador passou, ainda, por Miami Marlins e San Diego Padres antes de chegar à liga mexicana em 2018. Satisfeito no novo campeonato, ele não pensa em tentar retornar aos Estados Unidos.
“Não tenho vontade nenhuma. O beisebol norte-americano mudou muito. Agora é tudo muito computadorizado. Na minha época, não tinha isso. Depois que comecei a jogar no México, financeiramente falando foi bom. A gente tem casa, vida estável, é tratado muito bem. Estou perto de fazer 32 anos, então, para retornar aos Estados Unidos e competir com meninos de 20, 22 anos, prefiro ficar onde estou e me estabilizar”, justifica.
O beisebol mexicano é dividido em duas ligas: a de verão, que começaria em abril (adiada, a princípio, para maio, em razão da pandemia do novo coronavírus), e a de inverno, com início em outubro. A temporada deve coincidir com a remarcação das eliminatórias do WBC. Mas isso não preocupa o arremessador, que vai defender a seleção brasileira no classificatório. Se a tabela anunciada há dois meses for mantida, o páis estreia contra o Paquistão e, se vencer, encara a Nicarágua.
“É tudo questão de conversar. Como sou mais velho, posso colocar certas coisas, que vou participar da Seleção em tal data. Deixo colocado até no contrato”, finaliza André, que esteve na histórica classificação do Brasil à Copa do Mundo de Beisebol de 2013, após uma vitória sobre o Panamá, no qualificatório do WBC, realizado no ano anterior.