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Modelo Bruno Krupp diz que foi chamado de ‘assassino’ em hospital: ‘Como se eu tivesse feito alguma coisa errada’

By Clayton ago 4, 2022

‘Eu não bebi, eu não usei drogas, eu não fiz nada. Gente, foi um acidente’, disse o modelo em vídeo obtido pela TV Globo. Imagens mostram moto em alta velocidade ao atropelar estudante, que morreu. Secretaria Municipal de Saúde diz que não há registro de queixa do modelo por ‘condutas inadequadas’.

Em um vídeo gravado dentro do hospital, e obtido pela TV Globo, o modelo e influenciador Bruno Krupp, que conduzia a moto que atropelou e matou um adolescente no sábado (30) no Rio, disse ter ocorrido um acidente (assista aqui o vídeo). No registro desta quarta-feira (3), Krupp afirma não ter feito nada de errado: “Eu não bebi, não usei droga”.

Ele pilotava, em alta velocidade (a mais de 150 km/h, numa via cujo limite é de 60 km/h) e estava sem habilitação, mesmo após ter sido pego em uma blitz três dias antes do atropelamento. A Justiça do RJ expediu um mandado de prisão contra o rapaz, que responde por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. A vítima é João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos.

Nesta quarta, Krupp foi encontrado em um hospital no Méier, na Zona Norte do Rio, onde deve ficar preso sob custódia até ser liberado pelos médicos. A TV Globo apurou que o modelo passaria por uma cirurgia na clavícula.

No vídeo no qual comentou o episódio, Krupp aparece em uma maca e com diversos curativos. Nas imagens, queixou-se de ter sido chamado de “assassino” e negou ter fugido do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, para onde havia sido levado inicialmente e do qual teve alta no domingo (31).

“Eu fui levado de ambulância, não fugi do hospital, não fugi dos médicos. Eu estava morrendo no hospital, os empregados me tratando mal, batendo com a maca no corredor, me chamando de assassino, como se eu tivesse feito alguma coisa errada”, declarou Bruno no vídeo.

 

“Eu não bebi, eu não usei droga. Foi um acidente, gente!”

 

O advogado William Pena, responsável pela defesa de Krupp, disse que, antes do atropelamento, a moto de seu cliente teve uma pane nos freios.

No vídeo obtido pela TV Globo, o modelo diz: “Gente, pelo amor de Deus, eu sou a última pessoa que queria que isso tivesse acontecido. Pode ter certeza de que eu queria que o pior tivesse acontecido comigo”.

g1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, que informou não haver queixa do modelo sobre as “supostas condutas inadequadas” no hospital (veja a nota completa ao final desta reportagem).

Risco assumido de matar, diz juíza

Segundo o texto da decisão judicial que levou Bruno à prisão, ele pilotava moto a pelo menos 150 km/h quando atropelou o rapaz, na Avenida Lúcio Costa, na orla da Barra. O limite de velocidade no local é de 60 km/h.

Além disso, estava sem carteira de habilitação, e a moto, sem placa. A situação era a mesma de quando ele foi parado em uma blitz da Lei Seca, três dias antes. Na ocasião, também se negou a fazer o teste do bafômetro, que indicaria se ingeriu bebida alcoólica.

“A situação por ele vivida três dias antes, ao ser parado em uma blitz, não foi suficiente para alertar-lhe dos riscos de direção perigosa e em contrariedade ao que dispõe a lei e o bom-senso. Em outras palavras: não foi o bastante que tivesse sido parado pelos agentes da Lei Seca”, destacou a juíza Maria Izabel Pena Pieranti, citando outros dois inquéritos que investigam o modelo.

“Ser pego na situação já descrita não teve qualquer efeito didático. Ao contrário, adotou conduta mais ainda letal, acabando por tirar a vida de um jovem que estava acompanhado de sua mãe, ressaltando-se que Bruno não é um novato nas sendas do crime.”

A decisão ainda cita a brutalidade do acidente, pois a perna da vítima foi “violentamente amputada no momento da colisão”.

Advogado alega pane nos freios

“O que ele me disse hoje, logo antes de entrar pra cirurgia, foi que a moto deu uma pane no freio e ele perdeu o controle, porque ele se assustou com o rapaz voltando”, comentou o advogado.

 

Ainda segundo o advogado, não houve dolo na ação de Bruno, ou seja, ele não teve a intenção de praticar o ato. Contudo, William Pena admitiu que motorista estava rápido demais.

“Eu até acredito que sim (estava rápido demais). Mas uma moto de quase mil cilindradas, a juventude de hoje quer dar uma arrancada e ele vai pagar o preço pelo erro que cometeu de imperícia”, disse.

 

“Não houve dolo. Ninguém sai de casa para matar ninguém atropelado. ‘Ah, eu vou ali atropelar alguém na esquina’. Tá havendo um certo exagero com tudo que estão publicando. Não há perícia, foi desfeito o local do acidente”, disse William Pena.

“Agora, não se pede a prisão preventiva de uma pessoa fundamentando apenas com o que viram no Instagram, que o cara é isso, que o cara é aquilo. Venhamos e convenhamos, né?”

Sem habilitação

 

O advogado de Bruno Krupp também explicou nesta quarta por que o modelo estava sem carteira de motorista no momento do acidente. Segundo ele, Krupp não tinha a habilitação, mas já tinha a autorização para dirigir. A defesa disse que o modelo estaria aguardando a chegada do documento.

“Estava emplacada sim (a moto) e com os documentos dele. Ele só não tinha habilitação ainda porque o Detran, salvo engano, o Detran já tinha aferido a carteira dele, ele só não tinha pego a carteira ainda”, argumentou o advogado.

Três dias antes de atropelar e matar um adolescente de 16 anos, o Krupp foi parado em uma blitz da Lei Seca com a mesma moto que pilotava na noite do acidente. Assim como na noite de sábado (30), na quarta-feira (27) o veículo também estava sem placa e o piloto não tinha carteira de habilitação.

Preso preventivamente

 

Mais cedo, o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital da Polícia Civil do RJ, deu voz de prisão contra Bruno Krupp. O modelo foi encontrado na manhã desta quarta-feira (3) em um hospital no Méier, onde está internado sob custódia policial..

Segundo o delegado, o modelo “se mostrou realmente surpreso” com a notícia de sua prisão.

“Baixou a cabeça e praticamente não quis falar. Disse que vai se pronunciar através dos seus advogados”, continuou Antenor.

Sobre o pedido de prisão, o advogado de defesa entende que foi um erro do judiciário. Segundo ele, a prisão não poderia ser decretada sem que as investigações fossem concluídas.

“Não há fundamentação lógica para isso. Pecou o judiciário ao pedir a prisão dele sem sequer ouvi-lo, sem ouvir nenhuma testemunha, sem avaliar as câmeras da Cet-Rio”, disse Willian Pena.

 

O advogado acrescentou que Bruno deve sim ser responsabilizado pelo ocorrido, mas que é preciso ter provas para prendê-lo.

“Ele tem que pagar pelo erro dele sim, pela imperícia dele sim. Agora, será que a moto apresentou algum defeito? Pelo que eles me falaram, as testemunhas que eu conversei disseram que a moto teve uma pane. Pode ser pane elétrica, pode ser pane de freio ou alguma coisa nesse sentido”, completou Pena.

Moto do Bruno Krup, uma Yamaha 2021/2022 sem placa, apreendida na madrugada de domingo (31), após o atropelamento. — Foto: Alba Valéria Mendonça / g1
Moto do Bruno Krup, uma Yamaha 2021/2022 sem placa, apreendida na madrugada de domingo (31), após o atropelamento. — Foto: Alba Valéria Mendonça / g1

O que diz a Secretaria Municipal de Saúde

 

Leia, abaixo, a íntegra do comunicado da pasta:

“A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge informa que o paciente Bruno Krupp foi atendido na noite de sábado após acidente de trânsito, passou por todos os cuidados e exames indicados, inclusive tomografia computadorizada, e teve alta no domingo. Em diversos momentos durante o atendimento ele expressou desejo de deixar a unidade e ir a um hospital da rede particular.

Não há registro de queixa do paciente sobre supostas condutas inadequadas por parte da equipe assistencial. Caso ele queira formalizar a reclamação, a direção do hospital abrirá um procedimento para apurar os fatos devidamente”.

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