Pantanal em Chamas: Novembro Atípico Assusta e Cerca Moradores em Meio à Seca

Pantanal em novembro: Incêndios assustam moradores durante seca intensa. Histórico de queimadas preocupa, exigindo ação conjunta. Comunidades isoladas, adaptabilidade do bioma desafiada. SOS Pantanal destaca a gravidade da situação, apontando mudanças climáticas como fator contribuinte. Devastação nas margens da BR-262 ilustra impacto direto nas estruturas habitacionais. Presidente do SOS Pantanal enfatiza a urgência de um plano de manejo conjunto para proteger o bioma.

O Pantanal, celeiro de biodiversidade, enfrenta um novembro atípico, com incêndios ameaçadores que causam apreensão e isolam comunidades, enquanto a seca intensa agrava a situação. Este mês está sendo marcado como o pior novembro de queimadas na história do bioma, gerando preocupações entre os habitantes e os combatentes das chamas.

Seu Elias, residente de longa data na região de Miranda (MS), descreve a mudança drástica nas estações e a ausência da “chuvarada” característica do período. Em seu barraco na beira da BR-262, ele se vê como o único habitante em meio à preocupação causada pelas ligações constantes de vizinhos em busca de informações sobre o avanço das chamas.

A comunidade do Passo do Lontra, a poucos passos de uma área totalmente queimada, enfrenta as consequências do fogo, que chegou a causar mal-estar nas crianças, levando à evacuação para pousadas próximas. Julio Cesar Silva Parronchi, guia de pesca e líder de brigada de incêndio, expressa surpresa com a intensidade dos incêndios em novembro, superando as médias históricas.

Desafios e Impactos: Frente a Frente com as Chamas

A adaptação do Pantanal ao fogo é desafiada em novembro, um mês que já ultrapassou 6,8 vezes a média histórica de focos de queimadas. O diretor de relações institucionais da ONG SOS Pantanal, Leonardo Gomes, destaca a gravidade da situação, considerando-a atípica para este período. Mudanças climáticas são apontadas como fatores contribuintes para os eventos extremos.

A análise da pesquisadora Ana Paula Cunha revela que a seca predomina no bioma, fugindo ao padrão de chuvas esperado para o período. Imagens de satélite indicam a extensão do problema, evidenciando a secura que assola o Pantanal.

Retrato da Realidade: Devastação nas Margens da BR-262

Em Mato Grosso do Sul, próximo à BR-262, o fogo consome não apenas a vegetação, mas também estruturas habitacionais. Casas são reduzidas a cinzas, e o temor dos moradores se torna realidade. O presidente do SOS Pantanal, Alexandre Bossi, enfatiza a necessidade de um plano de manejo conjunto entre o governo federal e os governos estaduais para enfrentar o desafio.

Apesar de melhorias em relação a 2020, as entidades envolvidas no combate às chamas ainda enfrentam obstáculos logísticos e de comunicação. Gomes ressalta que o Pantanal precisará de medidas efetivas para enfrentar secas mais severas e prolongadas. O desafio é urgente, e a esperança reside na preparação para 2024, pois, segundo Bossi, “em 2023 já perdemos a batalha, e precisamos da chuva.”