Criticado, post ‘Toc, Toc, Toc’ do Governo Quebra Recorde de Engajamento

Criticado pela Oposição, Publicação do Governo do Brasil no X Gera Controvérsias Após Operação da PF em Endereços de Carlos Bolsonaro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa do Fórum Interconselhos, que reúne entidades representativas da sociedade civil, no Palácio do Planalto. O evento apresentou o PPA (Plano Plurianual) Participativo. Alem do presidente participaram: o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB); a ministra do Planejamento, Simone Tebet; e a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck. | Sérgio Lima /Poder360 29.ago.2023

Na última segunda-feira (29.jan.2024), o perfil oficial do Governo do Brasil no X, antigo Twitter, causou alvoroço ao divulgar uma imagem de um homem batendo em uma porta com as palavras “toc, toc, toc”. A postagem rapidamente se tornou a mais envolvente do ano na conta governamental, ultrapassando a marca de 1 milhão de visualizações. Esse recorde ocorreu logo após a Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão nos endereços do Rio de Janeiro ligados a Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Anteriormente, apenas três publicações haviam alcançado mais de 100 mil visualizações neste ano, sendo a mais expressiva relacionada ao concurso unificado do governo, conhecido como “Enem dos Concursos”, em 10 de janeiro, com 321.000 views. A polêmica intensificou-se, principalmente, pela interpretação da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que considerou a postagem um deboche direcionado ao filho do ex-presidente.

O senador e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro (União Brasil-PR), classificou a publicação como ilegal, acusando o governo de confundir o “público” e o “privado”. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) levantou questionamentos sobre a suposta ingerência do governo Lula sobre a operação da Polícia Federal.

Ministro da Secom Defende Post e Aborda Estratégia de Comunicação Digital

Paulo Pimenta, ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), defendeu as publicações contestadas, alegando que é desafiador para quem pensa de maneira analógica tradicional compreender o papel dos algoritmos nas “janelas de oportunidades e fluxos” da comunicação digital. Ele comparou a situação à oportunidade de embarcar em um tema popular do dia, ressaltando a importância de se manter o foco no que é central e relevante.

De acordo com Pimenta, as duas publicações em questão abordavam a divulgação de políticas públicas do Executivo federal. A primeira incentivava a colaboração da população ao receber agentes comunitários de saúde em suas casas para combater focos de mosquitos transmissores de dengue. Já a segunda, intitulada “Grande Dia”, anunciava o início do pagamento do salário mínimo com um valor mais elevado, atingindo R$ 1.412.

Histórico de “Provocações” nas Redes Oficiais do Governo

Essa não é a primeira vez que perfis oficiais do governo utilizam suas redes para publicações associadas a deboches contra adversários políticos. Em maio de 2023, o mesmo perfil divulgou os feitos dos primeiros 137 dias de governo utilizando o modelo de apresentação de Power Point de Deltan Dallagnol (Novo-PR), usado em 2016 para explicar as provas contra Lula na Operação Lava Jato.

Outro exemplo ocorreu quando a Secom alertou a população sobre a declaração do Imposto de Renda com a frase “E aí, tudo joia?”. O post foi publicado durante a investigação das joias recebidas por Bolsonaro da Arábia Saudita enquanto era presidente. A polêmica em torno dessas publicações levanta questionamentos sobre o uso das redes sociais como ferramenta de comunicação oficial do governo.

O episódio recente adiciona um novo capítulo à controvérsia em torno da estratégia de comunicação digital do governo, destacando a necessidade de equilíbrio e responsabilidade no uso das redes sociais para abordar questões sensíveis e políticas públicas. Resta aguardar como esse incidente influenciará a relação entre o governo e a população, bem como o impacto nas futuras estratégias de comunicação digital.